CASO REALENGO "O GAZETA REGIONAL, É UM SITE DE DENÚCIAS"
Um terrível atentado chocou o país e o mundo na manhã do dia 7 de abril. A Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, foi o cenário escolhido pelo rapaz que, segundo a polícia, entrou fortemente armado e munido para cometer um crime premeditado, escolhendo como vítimas jovens, em sua maioria meninas, de 12 e 14 anos.
Jamais na história desse país assistimos à tamanha barbárie. A brutalidade chocou e revelou, mais uma vez e drasticamente, como infelizmente somos vulneráveis à violência. Nesse caso específico, um evento que aconteceu dentro de uma escola.
A população assiste às cenas do massacre e atordoada começa a culpar-se pelo fato. “Não deveríamos deixar a comunidade participar da escola”, “é preciso colocar detector de metal na entrada da escola”, “a escola deveria ser trancada e cuidada por policiais”. Ora, em se tratando de um caso de polícia, de segurança pública, como o ocorrido, sem dúvida a escola precisa ser cuidada pelos policiais. No entanto, dizer que a escola deve ser uma fortaleza protegida contra a própria comunidade que a freqüenta é um equivoco. Uma coisa não justifica a outra. O fato de um assassino invadir um espaço público e cometer uma barbárie não significa que a escola precisa ser trancada para sempre. Esse lamentável episódio poderia ter acontecido em outro espaço público, como um cinema, um posto de saúde, um parque, um ponto de ônibus… Nos choca muito mais, sem dúvida, que o crime tenha sido cometido em uma escola. Mas trata-se de um fato isolado.
Inúmeras pesquisas, como a desenvolvida em 2010 pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, aponta que as escolas com menos índices de violência são aquelas onde a comunidade participa. São as escolas abertas, sem muros, onde cada um se sente dono e cuida com esmero desse patrimônio que é público que estão os melhores índices de educação. Da mesma forma que quando ela é percebida como um corpo estranho à própria comunidade ela pode ser agredida, pichada, arrombada, invadida.
A avaliação feita a partir da pesquisa do Programa Escola Aberta, entre outubro e dezembro de 2007, com 1.876 escolas participantes do Programa, localizadas em 26 Unidades da Federação concluiu, com base nas informações coletadas, que quanto maior o tempo de adesão ao Programa, portanto maior participação da comunidade, menor tende a ser a percepção de violência na escola.
Infelizmente no Brasil temos graves problemas de segurança pública. Não é raro sabermos de crianças vítimas de balas perdidas, de agressões de todo o tipo, de crianças que morrem por maus-tratos ou sem atendimento adequado nos hospitais. O problema é grave sim, mas continuamos a favor da escola democrática, construída coletivamente, com a participação do estado e da comunidade. Esse caso específico, lamentável, apesar de ter acontecido dentro de uma escola, é um problema muito mais de sanidade mental e segurança pública do que de educação.
Você acredita mesmo que fatos como estes não poderão acontecer na sua escola??? Quem lhe garante???